Jornalista e membro da direção da Cátedra Medellín-Barcelona faz crítica a “ditaduras estéticas” Divulgação |
Como um animado professor de cursinho pré-vestibular, o colombiano afirmou que os museus devem fugir das narrativas oficiais — para ele, antes de gerar certezas,
as instituições devem provocar o público a questionar a sociedade. A tarefa, porém, é árdua, já que, segundo ele próprio, “os museus não existem para a maioria da população, e menos ainda para os latino-americanos”.
— A maioria das pessoas, antes de entrar em um museu, sente temor, insegurança, um sentimento de reverência. A maioria não sabe como se comportar num museu, não sente confiança para ultrapassar a porta de entrada. Ou seja, sentem-se intimidadas e, assim, não veem os museus como espaços de encontro, não sentem a instituição como parte de suas vidas.
Jornalista e membro da direção da Cátedra Medellín-Barcelona, projeto de desenvolvimento em cultura, educação e cidade, Melguizo diz que o público ainda “não se sente confortável, não sabe o que fazer diante de uma obra, nem o que vai se passar quando terminar a visita” — e os curadores são um tanto responsáveis por isso: “Boa parte dos museus está presa a ditaduras estéticas em que se converteram muitas curadorias”, criticou.
— Há projetos estéticos, mas não éticos, inclusivos. Precisamos de curadores que entendam mais de comunidade do que de acervo. Devemos nos perguntar: que curadoria é preciso para que se crie um projeto de inclusão social nos museus? Temos que negociar um novo conceito de museus. Somos preservadores de patrimônios ou somos geradores e transformadores desses patrimônios? Que curadorias necessitam nossas sociedades? Qual é o papel dos museus na construção da cidadania? — questionou.
http://oglobo.globo.com/cultura/museu-nao-existe-para-maioria-diz-ex-secretario-da-cultura-de-medellin-9533120