É um trabalho que ninguém vê - afinal, o lugar está interditado desde o último dia 3. Dentro do Museu Paulista, mais conhecido como Museu do Ipiranga, na zona sul de São Paulo, técnicos e operários escoraram o forro na sala onde havia maior risco de colapso, transferiram parte do acervo para cômodos mais seguros e começam os trabalhos de proteção do salão nobre, onde fica o famoso quadro Independência ou Morte, de Pedro Américo.
Na sexta-feira, o Estado teve acesso, com exclusividade, às dependências internas do museu e vistoriou os trabalhos. A situação está sob controle no salão cujo forro estava mais comprometido, no extremo da ala oeste. Ali, uma empresa especializada fez o escoramento. Hoje, o forro está apoiado sobre uma estrutura de madeira montada, emergencialmente, em 48 horas. No teto, camadas de isopor protegem o forro do contato direto com a estrutura. No chão, plástico, feltro e chapas de madeira protegem o antigo piso.
"Escoramento é sempre uma situação provisória", explica a diretora do museu, a arquiteta Sheila Ornstein. Ou seja: essas ações servem para garantir a estabilidade do prédio para que o restauro efetivo seja realizado sem riscos para a estrutura. Os próximos cômodos a receber o escoramento, a partir desta semana, são o salão nobre, o auditório e a biblioteca. "Nela, constatamos o problema no forro mais recentemente, em análise feita poucos dias atrás", explica.
No caso da sala com forro já escorado, optou-se por uma estrutura de madeira - em vez de metálica -, por causa do peso. De acordo com a empresa especializada, toda a estrutura colocada ali pesa cerca de 1 tonelada; a opção metálica teria 15 toneladas. Desde a instalação de todo esse madeiramento, a sala imediatamente abaixo - onde fica a famosa maquete da São Paulo antiga - vem sendo monitorada constantemente, para garantir que a carga está sendo bem suportada pelo prédio.
Cuidado. No salão nobre, o escoramento inicial deve ser diferente. A ideia é fazer um içamento do forro, para não prejudicar o trânsito dos técnicos no salão. Tudo para que não haja nenhum risco ao Independência ou Morte que, com mais de 30 metros quadrados, não pode ser retirado da parede. Enquanto as obras de restauro estiverem acontecendo, o quadro será protegido por uma espessa lona.
A obra vai precisar ser monitorada constantemente por especialistas. Para a proteção do quadro, aliás, técnicos do museu desenvolveram um sistema que garante uma ventilação mínima no quadro. "Porque temos de proteger sem abafar. Ou corríamos o risco de aparecerem fungos", diz Shirley Ribeiro, chefe da divisão administrativa do museu.
Enquanto isso, os trabalhos na fachada continuam. Cerca de 30 amostras de argamassa foram retiradas de diferentes pontos, analisadas em um microscópio eletrônico em funcionamento em um dos dois contêineres instalados nos fundos do museu e encaminhadas para o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT).
Carga. Um dos mais visitados cartões-postais de São Paulo (recebia um público médio de 300 mil pessoas por ano), o museu não suportou as toneladas de 150 mil itens do acervo, as intempéries, os 123 anos de idade do prédio e a falta de obras de conservação. Sua interdição foi decretada após um laudo apontar graves riscos de queda nos forros de alguns cômodos.
Conforme o Estado mostrou em novembro de 2012, pedaços de reboco da fachada estavam caindo e o forro de um dos principais salões havia cedido mais de 10 centímetros. A diretoria evita falar em prazo para reabertura, mas não descarta liberar o acesso ao público (ainda que de forma controlada) a partir do ano que vem, ao menos nas alas não comprometidas.
A Universidade de São Paulo (USP), proprietária do museu, reservou R$ 21 milhões para a recuperação do imóvel, tombado pelas três esferas de proteção ao patrimônio - federal, estadual e municipal.
Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,sala-mais-critica-do-museu-do-ipiranga-ja-esta-protegida-,1070031,0.htm
Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,sala-mais-critica-do-museu-do-ipiranga-ja-esta-protegida-,1070031,0.htm
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