19/12/2014

Classe AAA conta com novo profissional no mercado: pendurador de quadros

Também chamados de ‘distribuidores de artes’, eles ganham até R$ 400 por hora e são experts na arte de apontar os melhores pontos das casas para fixar telas e afins

Olhar apurado. O espanhol Jaime Vilaseca, em seu ateliê, em Botafogo - Ana Branco / Ana Branco

RIO - Dá para contar apenas nos dedos de uma das mãos o número de profissionais que exercem, no Rio, uma função pouquíssimo conhecida pela maioria das pessoas. Afinal, o que seria um “distribuidor de artes” ou um “pendurador profissional de quadros”, como se autointitulam? Há ainda quem os chame de “personal pendurador de quadros”... Pois esse time minúsculo acumula numerosa lista de clientes, que vão da abastada classe AAA à classe média, quando têm em comum um problema doméstico: quais os melhores pontos da casa para pendurar ou agrupar telas, objetos de arte, gravuras ou fotos?

É quando entram em ação os “penduradores de quadros” com sua sensibilidade, além de furadeira e pregos nas mãos e ideias criativas na cabeça. Esses especialistas, que cobram de R$ 200 a R$ 400 a hora, têm perfil parecido: são discretos, preferem a propaganda boca a boca e raramente citam nomes dos clientes. No Rio, três são os mais requisitados.

Com quatro décadas de experiência como emoldurador de telas, o espanhol Jaime Vilaseca se emociona ao relembrar quando teve nas mãos telas de Picasso, Dalí, Goya e Velásquez, com a missão de acomodá-las em imóveis de clientes cariocas:


— Não se trata apenas de escolher paredes. Estudo o ambiente em relação à umidade, temperatura, incidência da luz solar e até da maresia, pois a maioria das telas valiosas está em apartamentos à beira-mar. É um trabalho de medicina da arte.


Expert. Laura Guillen e as telas de sua casa: tamanhos e estilos distintos em harmonia - Gustavo Miranda

Vilaseca diz que é possível misturar estilos, desde que os quadros “conversem” entre si:

— Muitas vezes, o cliente está com o olhar tão acostumado ao ambiente que não consegue distribuir as peças. Eu chego com um olhar novo e sensibilidade.
A discrição que envolve o trabalho é tanta que o principal profissional do Rio prefere não dar entrevistas.

— Meus clientes são discretos. Também sou — disse, gentil, pedindo para que seu nome não fosse publicado.
O advogado e colecionador Gustavo Buffara contratou Laura Guillen, há 30 anos no ramo, para ajudá-lo:
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— Saí de um imóvel grande para outro menor em Ipanema, com 40 telas para instalar. Laura organizou tudo em cinco horas.
Laura gosta de “conversar” com os quadros:

— Eles me dizem onde querem ficar.

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