Vou começar este texto contando para vocês o que acontece quando se entra numa idéia do Fabiano: você fica encarregado de alguma tarefa que acha interessantíssima, mas não tem a menor idéia de por onde começar. Foi desta forma que fiquei encarregado de escrever alguma coisa para este blog, e como bom museólogo que pretendo um dia ser, refleti sobre isso lendo minhas antigas revistas em quadrinhos, o que explica a demora para este texto sair.
Então as musas me iluminaram, e fez-se o verbo: percebo a edição nº. 6 da revista Wizard do ano de 1997, que é um guia da nona arte e de todas as outras coisas nerds que se possa imaginar. Em fim, a razão por estar comentando dos meus vícios, é porque exatamente nesta edição, entre um texto ensinando a fazer a fantasia do Spawn e um possível elenco para um filme do Star trek, está a notícia do primeiro museu de história em quadrinhos do mundo: o International Museum of Cartoon Art (IMCA), localizado em Boca Raton Flórida, EUA. Este museu foi idéia de Mort Walker criador do recruta Zero (aquele soldado engraçado que era a única coisa que você entendia no jornal do seu pai).
Além de receber recursos de empresas interessadas no empreendimento, a instituição contou também com a arrecadação da própria comunidade que viu na iniciativa uma oportunidade ímpar de levar para os seus arredores uma parcela dos turistas interessados em praias e na Disney. E para quem pensa que quadrinhos é coisa de criança, a maioria dos empregados do museu são voluntários com mais de cinqüenta anos! Isso sim é gostar de museu - ou de quadrinhos.
No início do texto é comemorado que as histórias em quadrinhos finalmente receberam o estatuto de arte, e o marco para isso seria a criação deste museu. Mas no final da reportagem, vem talvez a parte mais interessante de toda a matéria. Trata-se de uma charge com a imagem de um típico nerd de quarenta anos de idade, virgem (não existe nada na imagem mencionando isto, mas eu gosto de tratá-los assim) com a camisa do museu. Em sua face estampando um livre e sincero sorriso; sobre sua cabeça, um balão de pensamento com a seguinte inscrição: “Finalmente um museu onde a gente não precisa fingir que ta se divertindo”. Pensei em quantas crianças devem pensar exatamente a mesma coisa quando visita um museu cheio de pinturas chatíssimas que só irão entender o seu significado anos adiante, quando tudo o que queriam é estar lendo aventuras da Liga da justiça, um mangá do Katsuhiro Otomo, assistindo ao Chaves ou ao Pica pau. Meu olho derramou uma lágrima. E vi que algo precisava ser feito. Sentei em frente ao meu computador e só de raiva fiz tudo o que um nerd poderia fazer para mudar o mundo: download do último quadrinho do Batman.
A reportagem traz à tona uma série de notáveis desafios que o museólogo deve encontrar: como tornar um assunto sério em algo que não seja enfadonho? Como tratar o museu que ao mesmo tempo é um lugar de entretenimento e de reflexão cultural sem cair no pedantismo pseudo-cult ou no espetáculo da alienação? Talvez por ser um museu que trate de história em quadrinhos, um museólogo teria que se esforçar muito para torná-lo chato, e a mesma dose de esforço para não torna-lo um espetáculo da modernidade. Nisso o museu não falha, as salas com computadores são tão visitadas quanto as exposições temáticas envolvendo quadrinhos, desenhos animados ou peças de arte com personagens do mundo inteiro. O museu é representado nesta frase como um local de entretenimento cultural.
Quando os quadrinhos passam a ser a parte fundamental do reserva técnica de um museu, eles deixam de ocupar o espaço periférico da criação literária mundial, e não interessa se a revista possui a seriedade de um tema que aborde o Holocausto ou a irreverência de um anti-herói, ela reflete a produção literária de seu tempo, e o museu quando reconhece esta importância, molha seu acervo com este poder (nossa pareci o Mário Chagas agora).
A propósito da gracinha sobre meu nome no texto introdutório, queria enfatizar que não achei a menor graça.
Ainda sob inspiração das musas dos quadrinhos (Druna e Mulher Maravilha), forcei minha curiosidade intelectual a procurar por mais alguns museus de histórias em quadrinhos pelo mundo. E achei um aqui no Brasil! Seguem as referência:
http://www.millarch.org/artigo/museus-dos-quadrinhos
Site do IMCA:
http://www.universohq.com/quadrinhos/2008/n20052008_04.cfm
Site oficial da Wizard:
http://www.wizarduniverse.com/
Então as musas me iluminaram, e fez-se o verbo: percebo a edição nº. 6 da revista Wizard do ano de 1997, que é um guia da nona arte e de todas as outras coisas nerds que se possa imaginar. Em fim, a razão por estar comentando dos meus vícios, é porque exatamente nesta edição, entre um texto ensinando a fazer a fantasia do Spawn e um possível elenco para um filme do Star trek, está a notícia do primeiro museu de história em quadrinhos do mundo: o International Museum of Cartoon Art (IMCA), localizado em Boca Raton Flórida, EUA. Este museu foi idéia de Mort Walker criador do recruta Zero (aquele soldado engraçado que era a única coisa que você entendia no jornal do seu pai).
Além de receber recursos de empresas interessadas no empreendimento, a instituição contou também com a arrecadação da própria comunidade que viu na iniciativa uma oportunidade ímpar de levar para os seus arredores uma parcela dos turistas interessados em praias e na Disney. E para quem pensa que quadrinhos é coisa de criança, a maioria dos empregados do museu são voluntários com mais de cinqüenta anos! Isso sim é gostar de museu - ou de quadrinhos.
No início do texto é comemorado que as histórias em quadrinhos finalmente receberam o estatuto de arte, e o marco para isso seria a criação deste museu. Mas no final da reportagem, vem talvez a parte mais interessante de toda a matéria. Trata-se de uma charge com a imagem de um típico nerd de quarenta anos de idade, virgem (não existe nada na imagem mencionando isto, mas eu gosto de tratá-los assim) com a camisa do museu. Em sua face estampando um livre e sincero sorriso; sobre sua cabeça, um balão de pensamento com a seguinte inscrição: “Finalmente um museu onde a gente não precisa fingir que ta se divertindo”. Pensei em quantas crianças devem pensar exatamente a mesma coisa quando visita um museu cheio de pinturas chatíssimas que só irão entender o seu significado anos adiante, quando tudo o que queriam é estar lendo aventuras da Liga da justiça, um mangá do Katsuhiro Otomo, assistindo ao Chaves ou ao Pica pau. Meu olho derramou uma lágrima. E vi que algo precisava ser feito. Sentei em frente ao meu computador e só de raiva fiz tudo o que um nerd poderia fazer para mudar o mundo: download do último quadrinho do Batman.
A reportagem traz à tona uma série de notáveis desafios que o museólogo deve encontrar: como tornar um assunto sério em algo que não seja enfadonho? Como tratar o museu que ao mesmo tempo é um lugar de entretenimento e de reflexão cultural sem cair no pedantismo pseudo-cult ou no espetáculo da alienação? Talvez por ser um museu que trate de história em quadrinhos, um museólogo teria que se esforçar muito para torná-lo chato, e a mesma dose de esforço para não torna-lo um espetáculo da modernidade. Nisso o museu não falha, as salas com computadores são tão visitadas quanto as exposições temáticas envolvendo quadrinhos, desenhos animados ou peças de arte com personagens do mundo inteiro. O museu é representado nesta frase como um local de entretenimento cultural.
Quando os quadrinhos passam a ser a parte fundamental do reserva técnica de um museu, eles deixam de ocupar o espaço periférico da criação literária mundial, e não interessa se a revista possui a seriedade de um tema que aborde o Holocausto ou a irreverência de um anti-herói, ela reflete a produção literária de seu tempo, e o museu quando reconhece esta importância, molha seu acervo com este poder (nossa pareci o Mário Chagas agora).
A propósito da gracinha sobre meu nome no texto introdutório, queria enfatizar que não achei a menor graça.
Ainda sob inspiração das musas dos quadrinhos (Druna e Mulher Maravilha), forcei minha curiosidade intelectual a procurar por mais alguns museus de histórias em quadrinhos pelo mundo. E achei um aqui no Brasil! Seguem as referência:
http://www.millarch.org/artigo/museus-dos-quadrinhos
Site do IMCA:
http://www.universohq.com/quadrinhos/2008/n20052008_04.cfm
Site oficial da Wizard:
http://www.wizarduniverse.com/
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