Fátima Bernardes e o repórter cinematográfico Edílson Santos tiveram um dia inesquecível. Eles visitaram o Museu do Apartheid, que relembra os mais de 40 anos do regime de segregação racial na África do Sul.
Sam é sul-africano, motorista e tem 39 anos.Trabalha em Joanesburgo e acha que o país está melhorando.
Na entrada do museu, os ingressos dividem os visitantes entre ‘brancos’ e ‘não-brancos’, sem nenhuma lógica. Cada grupo entra por uma porta. O objetivo é causar um desconforto e transportar o visitante para uma época em que brancos e negros foram separados por lei.
Diante de um tribunal, a população era classificada pela cor: negros, mestiços, asiáticos e brancos. A partir desta separação, milhões se transformaram em cidadãos de segunda classe.
“Um negro para visitar determinadas áreas de branco precisava de um carimbo especial para permitir a circulação dele na área. Se não tivesse essa permissão, ele ia preso”, explica Sam. Para ele, os negros eram tratados como gado.
O museu é um espaço para despertar os sentidos do visitante. Para ver a humilhação e os abusos sofridos pelos negros. Para ouvir os discursos de heróis famosos ou anônimos. Para desabafar, como Sam. Ele conta que na escola não tinha livros ou cadernos. Ele escrevia em um pequeno quadro de madeira com giz e, quando não havia mais espaço, apagava e começava tudo de novo. Exatamente como um menino mostrado em uma foto da exposição.
Nos anos 1980, carros eram usados em bairros de negros para combater greves, protestos ou qualquer tipo de manifestação. E aqueles que fossem presos, eram obrigados a irem deitados no chão de aço, e não sentados nas cadeiras, como os policiais. Eles ficavam sob o pé dos policiais até chegarem ao presídio ou destino final.
É um museu para sentir. Não só revolta, vergonha ou indignação, mas também esperança. Sam deixa o local repetindo o que todos fazem ao sair do museu: coloca uma pedra debaixo da nova bandeira sul-africana. Cada pedra, um visitante. Esse gesto representa uma homenagem às muitas pessoas que dedicaram suas vidas ao fim do apartheid.
A nova bandeira sul-africana passou a ser usada depois da eleição de Nelson Mandela em 1994. Uma das explicações para o símbolo da bandeira – um Y deitado – é: negros e brancos caminhando juntos agora em direção a uma conciliação.
Importante acessar também a belíssima página do Museu: http://www.apartheidmuseum.org/. Um verdadeiro show à parte.
Muito bem sacada a entrada no museu, separadas para negros e brancos, pra já ir mostrando a opressão escabrosa que existia, entre as etnias.
ResponderExcluirViva Mandela!!!