Historicamente, a cidade do Rio de Janeiro é palco de grandes construções em nome da modernidade. Desde as obras do Prefeito Pereira Passos em nome da modernização de uma cidade atrasada e pestilenta, passando pelas políticas do Governador Carlos Lacerda onde o Rio de Janeiro padecia sob a poluição visual das favelas da zona sul. Atualmente a cidade atrai investimentos por causa dos jogos e infelizmente longe de ser este um motivo para valorizar os imóveis históricos, tornando estes mais um motivo para a valorização dos arredores, nossa política os entende como um atraso.
Fachada do QG da PM |
Quem frequenta a Lapa a algum tempo sabe o quanto esta parte histórica da cidade esteve durante muito tempo largada, e muitos até aprovam as recentes políticas de valorização do terreno. O problema é que com as recentes obras, os arredores passaram a ser valorizados, e a aproximação com o centro da cidade ajuda bastante e elevar os preços. Tanto que, prédios históricos passam a ser vistos como empecilhos para outros prédios interessados em levar suas empresas ao valorizado espaço. É o caso do Quartel General da PM que se localiza nas proximidades do terreno. Este teria sido vendido à Petrobras, por R$ 336 milhões e embora os papéis ainda não tenham sido assinados, a polêmica em torno da transação já é grande. O acordo implica na demolição imediata do imóvel do século XVIII para que seja construído no espaço de 13,5 mil m² um arranha-céu. Outro ponto chama muito atenção para esta transação, é que a mesma não passou por nenhuma aprovação na Alerj uma exigência para a Lei de Licitações. O governo do Estado justifica a venda do imóvel afirmando que o dinheiro seria gasto dentro da própria PM.
O Professor da UFRJ Marcos Bretas afirma que desde a ditadura, o Brasil não possui interesse em preservar a memória das forças armadas. A título de exemplo, cita o caso do presídio de Ilha Grande, um lugar onde muitos presos políticos foram levados, além de ser também um dos possíveis locais do surgimento da Falange Vermelha que mais tarde se tornaria Comando Vermelho.
Que a memória é fruto de escolha é algo que nós profissionais que lidam com a questão cotidianamente estamos cansados de saber, mas algumas vezes é ignorado que o esquecimento também nasce dessas escolhas. É nesta dinâmica entre os dois que a história é construída, destruída e reconstruída. Sendo ambos frutos de escolhas, devemos compreender os motivos pelos quais estamos fazendo tal opção e principalmente assumir as consequências disso.
Os motivos pelos quais o QG da polícia vai ser demolido, me parece muito mais financeiro do que um apagamento da memória. Não sei como andam os cofres públicos para investimentos em segurança, mas sei que política de UPPs está longe de ser um investimento barato; também sabemos o quanto a polícia é sucateada e com toda certeza não esquecemos a greve das PMs no Rio de Janeiro e a clássica invasão do corpo de bombeiros ao seu QG.
A melhor solução para o empasse seria segundo o pesquisador a criação de um museu que concentrasse a história da instituição ainda que se fosse demolir os outros. Eu particularmente não entendo dessa forma. Museu da Polícia Militar já existe, o que precisa é ser melhorado, ter seu espaço físico ampliado e principalmente o seu quadro de funcionários. Outra, no mundo inteiro prédios históricos são um atrativo a mais para a valorização dos arredores e bom policiamento também, porque um prédio da polícia militar não seria?
Existe o tombamento claro! Um válido recurso neste tipo de situação. A ação é do Carlo Caiado (DEM) na Câmara; e outro pelo deputado Paulo Ramos (PDT) na Alerj – ambos políticos de oposição ao governo. Mas o tombamento nem sempre é a melhor solução neste tipo de situação: soluciona o problema do patrimônio, mas não soluciona o problema do sucateamento da polícia militar.
Para saber mais: http://www.revistadehistoria.com.br/secao/reportagem/caso-de-policia-1
O Professor da UFRJ Marcos Bretas afirma que desde a ditadura, o Brasil não possui interesse em preservar a memória das forças armadas. A título de exemplo, cita o caso do presídio de Ilha Grande, um lugar onde muitos presos políticos foram levados, além de ser também um dos possíveis locais do surgimento da Falange Vermelha que mais tarde se tornaria Comando Vermelho.
Aquele foi um exemplo claro de apagamento da história. A demolição foi quase uma vingança à ditadura e aos torturadores políticos, mas o prédio era uma construção do início do século XX que representa uma forma de como o Estado se organizava nessa área. (Marcos Bretas sobre a demolição do presídio de Ilha Grande)
Que a memória é fruto de escolha é algo que nós profissionais que lidam com a questão cotidianamente estamos cansados de saber, mas algumas vezes é ignorado que o esquecimento também nasce dessas escolhas. É nesta dinâmica entre os dois que a história é construída, destruída e reconstruída. Sendo ambos frutos de escolhas, devemos compreender os motivos pelos quais estamos fazendo tal opção e principalmente assumir as consequências disso.
Os motivos pelos quais o QG da polícia vai ser demolido, me parece muito mais financeiro do que um apagamento da memória. Não sei como andam os cofres públicos para investimentos em segurança, mas sei que política de UPPs está longe de ser um investimento barato; também sabemos o quanto a polícia é sucateada e com toda certeza não esquecemos a greve das PMs no Rio de Janeiro e a clássica invasão do corpo de bombeiros ao seu QG.
A melhor solução para o empasse seria segundo o pesquisador a criação de um museu que concentrasse a história da instituição ainda que se fosse demolir os outros. Eu particularmente não entendo dessa forma. Museu da Polícia Militar já existe, o que precisa é ser melhorado, ter seu espaço físico ampliado e principalmente o seu quadro de funcionários. Outra, no mundo inteiro prédios históricos são um atrativo a mais para a valorização dos arredores e bom policiamento também, porque um prédio da polícia militar não seria?
Existe o tombamento claro! Um válido recurso neste tipo de situação. A ação é do Carlo Caiado (DEM) na Câmara; e outro pelo deputado Paulo Ramos (PDT) na Alerj – ambos políticos de oposição ao governo. Mas o tombamento nem sempre é a melhor solução neste tipo de situação: soluciona o problema do patrimônio, mas não soluciona o problema do sucateamento da polícia militar.
Para saber mais: http://www.revistadehistoria.com.br/secao/reportagem/caso-de-policia-1
Seria interessante pensarmos seriamente na privatização da Petrobras, como aliás são as grandes empresas de petróleio de países que têm vergonha na cara. É triste pensar que justamente a Petrobras, que foi protegida pela PM durante os movimentos contra a sua privatização, hoje queira ela (a Petrobras) destruir e demolir a história da Polícia Militar.
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