Diante do impasse referente aos recursos necessários à reabertura do Museu Mariano Procópio, federalização do espaço é cogitada
Por Amanda Fernandes e Renata Delage
Por Amanda Fernandes e Renata Delage
A placa na entrada da cidade recomenda um roteiro inacessível ao visitante. "Em Juiz de Fora, visite o Museu Mariano Procópio." Os mais de quatro anos de portas fechadas, somados à constatação de que a Prefeitura não possui os recursos necessários - em torno de R$ 28 milhões - para a conclusão das obras, levantam o debate sobre a federalização da instituição. Dessa forma, a União assumiria a gestão do espaço, conforme acontece com o Museu Imperial de Petrópolis, que abriga, ao lado do Museu Mariano Procópio, a mais importante coleção de arte e história do Brasil Imperial. Embora a relevância do museu e seu acervo no cenário nacional sejam unânimes entre os governos federal, estadual e municipal, não há sinais concretos de quando as instâncias irão, efetivamente, juntar esforços para reabrir o complexo. Apesar de o tema ser recorrente na cidade - sendo acompanhado de perto pela Tribuna -, a discussão ganhou repercussão nacional no último sábado, depois de matéria publicada pelo jornal "O Globo".
"A federalização é apenas um caminho possível", pontua o presidente do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), José do Nascimento Júnior. "Seria uma forma de conectar dois dos principais acervos, valorizando a rota imperial", diz. Segundo ele, o museu não perderia o vínculo ou deixaria de pertencer à cidade, tampouco o Conselho de Amigos do Museu, responsável pela conduta e curadoria, deixaria de existir. "Ele seria mantido, como já ocorre em outras instituições do país", diz. Para o presidente do Ibram, a dificuldade de captação de recursos junto à iniciativa privada é uma realidade cada vez mais evidente, em função da crise econômica. Neste sentido, entregar a administração do espaço à União seria uma maneira de reabrir suas portas à comunidade. "O importante é que o museu esteja aberto", defende. "O Ibram é a favor da federalização, desde que o município e a população estejam de acordo com essa decisão. A Prefeitura deve dar o primeiro passo nas negociações."
Por meio de sua assessoria, o prefeito Custódio Mattos informou que a administração não possuiu recursos para todas as melhorias necessárias e, por isso, pensa na possibilidade de uma ação conjunta com os governos federal e estadual. Ainda conforme a assessoria do prefeito, a PJF aguarda o parecer tanto do Ministério da Cultura quanto da Secretaria de Estado de Cultura a respeito de um dossiê sobre a atual situação do museu, entregue a estes órgãos entre abril e maio deste ano. Sobre a possibilidade de federalização do museu, o prefeito não quis comentar.
A Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais também declara não ter um posicionamento em relação à federalização do museu. Segundo nota divulgada pela assessoria, está agendada para o final deste mês, uma reunião entre a secretária Eliane Parreiras, o presidente do Ibram, José do Nascimento Júnior, e a Prefeitura de Juiz de Fora, "para discutirem juntos - União, Estado e Município - o melhor caminho a ser seguido".
Nacional, mas da cidade
A possibilidade da federalização do Museu Mariano Procópio é vista com bons olhos pelo vice-presidente do Conselho de Amigos do Museu, Ismair Zaghetto, que destaca a possibilidade como a eliminação do problema relacionado à falta de recursos para a instituição. A primeira formação do conselho foi nomeada na década de 1930, por Alfredo Ferreira Lage com o objetivo de zelar pelo espaço e pelo acervo. Para Ismair, a federalização só teria aspectos positivos. "Do ponto de vista prático, seria uma saída muito oportuna, mas acredito que seja necessário encontrar uma forma de fazê-la mantendo o propósito do seu fundador, resguardando um conselho composto por pessoas da nossa terra."
Para ele, uma forma de obter tal propósito seria contar com a participação da Universidade Federal de Juiz de Fora no processo, ou mesmo com a incorporação do museu à UFJF, nos moldes utilizados para a agregação do Centro Cultural Pró-Música, no ano passado, e também com o Cine-Theatro Central. "Não sou advogado, mas creio que esta seria uma fórmula que abrangeria todos os interesses. O acervo seria cuidado por uma instituição federal enraizada na cidade", sugere. Segundo o pró-reitor de Cultura da UFJF, José Alberto Pinho Neves, a possibilidade de participação da universidade neste processo precisa ser estudada, uma vez que há questões legais que devem ser levadas em conta. Além disso, Pinho Neves pontua que, caso isso ocorra, é necessário saber como seria esta participação. "Deve-se saber o que se esperaria da UFJF nesse processo, se ela será uma parceira ou se o museu seria realocado para dentro da instituição, por exemplo. É algo que demanda tempo e estudo."
Mesmo acreditando no benefício da federalização, Ismair não descarta a cobrança de maior empenho para com o museu pela Prefeitura. "Um assunto desta importância demanda que a Prefeitura fique muito à frente. Caso contrário, quando um conselheiro tenta angariar recursos federais é como uma pulga brigando com um elefante. É diferente quando, por exemplo, um prefeito vai pedir verbas. Até mesmo para que a iniciativa privada se sinta atraída para investir é necessário este aporte institucional." Ainda conforme Ismair, falta também participação da população nas demandas do museu. "Lamentavelmente a população pouco se interessa."
Parceria
Embora a Villa Ferreira Lage esteja fechada, o diretor da fundação Douglas Fasolato destaca que atividades estão sendo feitas constantemente no parque do museu, com a intenção de aproximar a comunidade do espaço, e obras continuam sendo executadas para a recuperação dos prédios. A respeito da federalização, Fasolato afirma que o museu deve ser gerido pela instância que tiver competência para mantê-lo em bom estado. "A cooperação entre as três instâncias - federal, estadual e municipal - é fundamental, tanto para que as obras sejam concluídas, quanto para que sejam preservados a doação, o patrimônio e o fomento da cultura na cidade."
"A federalização é apenas um caminho possível", pontua o presidente do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), José do Nascimento Júnior. "Seria uma forma de conectar dois dos principais acervos, valorizando a rota imperial", diz. Segundo ele, o museu não perderia o vínculo ou deixaria de pertencer à cidade, tampouco o Conselho de Amigos do Museu, responsável pela conduta e curadoria, deixaria de existir. "Ele seria mantido, como já ocorre em outras instituições do país", diz. Para o presidente do Ibram, a dificuldade de captação de recursos junto à iniciativa privada é uma realidade cada vez mais evidente, em função da crise econômica. Neste sentido, entregar a administração do espaço à União seria uma maneira de reabrir suas portas à comunidade. "O importante é que o museu esteja aberto", defende. "O Ibram é a favor da federalização, desde que o município e a população estejam de acordo com essa decisão. A Prefeitura deve dar o primeiro passo nas negociações."
Por meio de sua assessoria, o prefeito Custódio Mattos informou que a administração não possuiu recursos para todas as melhorias necessárias e, por isso, pensa na possibilidade de uma ação conjunta com os governos federal e estadual. Ainda conforme a assessoria do prefeito, a PJF aguarda o parecer tanto do Ministério da Cultura quanto da Secretaria de Estado de Cultura a respeito de um dossiê sobre a atual situação do museu, entregue a estes órgãos entre abril e maio deste ano. Sobre a possibilidade de federalização do museu, o prefeito não quis comentar.
A Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais também declara não ter um posicionamento em relação à federalização do museu. Segundo nota divulgada pela assessoria, está agendada para o final deste mês, uma reunião entre a secretária Eliane Parreiras, o presidente do Ibram, José do Nascimento Júnior, e a Prefeitura de Juiz de Fora, "para discutirem juntos - União, Estado e Município - o melhor caminho a ser seguido".
Nacional, mas da cidade
A possibilidade da federalização do Museu Mariano Procópio é vista com bons olhos pelo vice-presidente do Conselho de Amigos do Museu, Ismair Zaghetto, que destaca a possibilidade como a eliminação do problema relacionado à falta de recursos para a instituição. A primeira formação do conselho foi nomeada na década de 1930, por Alfredo Ferreira Lage com o objetivo de zelar pelo espaço e pelo acervo. Para Ismair, a federalização só teria aspectos positivos. "Do ponto de vista prático, seria uma saída muito oportuna, mas acredito que seja necessário encontrar uma forma de fazê-la mantendo o propósito do seu fundador, resguardando um conselho composto por pessoas da nossa terra."
Para ele, uma forma de obter tal propósito seria contar com a participação da Universidade Federal de Juiz de Fora no processo, ou mesmo com a incorporação do museu à UFJF, nos moldes utilizados para a agregação do Centro Cultural Pró-Música, no ano passado, e também com o Cine-Theatro Central. "Não sou advogado, mas creio que esta seria uma fórmula que abrangeria todos os interesses. O acervo seria cuidado por uma instituição federal enraizada na cidade", sugere. Segundo o pró-reitor de Cultura da UFJF, José Alberto Pinho Neves, a possibilidade de participação da universidade neste processo precisa ser estudada, uma vez que há questões legais que devem ser levadas em conta. Além disso, Pinho Neves pontua que, caso isso ocorra, é necessário saber como seria esta participação. "Deve-se saber o que se esperaria da UFJF nesse processo, se ela será uma parceira ou se o museu seria realocado para dentro da instituição, por exemplo. É algo que demanda tempo e estudo."
Mesmo acreditando no benefício da federalização, Ismair não descarta a cobrança de maior empenho para com o museu pela Prefeitura. "Um assunto desta importância demanda que a Prefeitura fique muito à frente. Caso contrário, quando um conselheiro tenta angariar recursos federais é como uma pulga brigando com um elefante. É diferente quando, por exemplo, um prefeito vai pedir verbas. Até mesmo para que a iniciativa privada se sinta atraída para investir é necessário este aporte institucional." Ainda conforme Ismair, falta também participação da população nas demandas do museu. "Lamentavelmente a população pouco se interessa."
Parceria
Embora a Villa Ferreira Lage esteja fechada, o diretor da fundação Douglas Fasolato destaca que atividades estão sendo feitas constantemente no parque do museu, com a intenção de aproximar a comunidade do espaço, e obras continuam sendo executadas para a recuperação dos prédios. A respeito da federalização, Fasolato afirma que o museu deve ser gerido pela instância que tiver competência para mantê-lo em bom estado. "A cooperação entre as três instâncias - federal, estadual e municipal - é fundamental, tanto para que as obras sejam concluídas, quanto para que sejam preservados a doação, o patrimônio e o fomento da cultura na cidade."
olá, gostaria de saber se realmente existe a possibilidade de federalização do Museu Mariano procopio, visto que é inadmissivel um Museu com tamanha importancia cultural, historia, com um parque lindo não estar em pleno funcionamento. Acredito que com a entrada deste museu para o Ibram, seja a melhor solução.
ResponderExcluirFederalização? Com este governo federal escandaloso?
ResponderExcluirIsto seria decretar o fim desta tradicional instituição que vai virar cabide de emprego dos "cumpanhero" petistas e escandalosos