Associação aproveita proximidade com o Maracanã e Copa do Mundo para faturar e
Rio - Situada nas imediações do Maracanã, a Vila Mimosa, na Praça da Bandeira — famoso ponto de prostituição do Rio —, também traça planos para aproveitar a proximidade da Copa do Mundo. Os principais projetos que podem sair do papel agora são a nova Vila Mimosa, batizada de Cidade das Meninas, do arquiteto Guilherme Rodrigues Ripardo, e o Museu do Sexo. Durante os jogos do Brasil na Copa, haverá uma programação especial na Vila Mimosa.“Estamos buscando parcerias com instituições privadas, inclusive internacionais, e governamentais, para construir a Cidade das Meninas e o Museu do Sexo, orçados em mais de R$ 4 milhões. Já há empresários estrangeiros interessados em patrocinar as obras”, garante Cleide Almeida, assistente social da Associação dos Moradores do Condomínio Amigos da Vila Mimosa (Amocavim).
Inspirados em traços de Oscar
Niemeyer, o projeto da nova Vila Mimosa é dividido em dois complexos com
cinco módulos, num total de 1.825 metros quadrados. O projeto inclui
espaço para anfiteatro, desfiles de moda, salas para cursos, creche,
estacionamento para 70 carros, posto de saúde e escritórios.
Já o futuro Museu do Sexo, segundo Cleide,
prevê fotos, filmes, réplicas de roupas, recortes de jornais e
documentos, entre eles carteirinhas funcionais de prostitutas que as
profissionais do sexo eram obrigadas a usar por ordem da polícia nos
anos 70. A ideia é reunir um acervo desde os primórdios da Vila Mimosa,
no século 19, quando ela se localizava na então Zona do Mangue, até o
atual endereço, na Rua Sotero dos Reis.
A dois meses da Copa, a Vila Mimosa
está atraindo também novas mulheres. Atualmente, de acordo com a
Amocavim, cerca de 4.500 garotas de programa se revezam 24 horas por dia
em 150 imóveis. No ano passado eram 3.500. “A maioria das que estão
chegando é de jovens”, diz Cleide, ressaltando que as prostitutas mais
antigas estão indo embora da Vila.
J., de 18 anos, conta que está há
apenas três meses na Vila Mimosa, onde diz ganhar até R$ 700 por dia.
“Entrei nessa vida por falta de opção e para ajudar em casa, pois tenho
oito irmãos”, alega a jovem, acrescentando que não quer viver da
prostituição. “Só vou juntar dinheiro para abrir uma loja”, planeja ela.
G., de 19, também é nova no local:
“Quem sabe não conheço um turista gringo rico e me mando com ele para o
exterior depois da Copa?”, sonha. V., 43 anos, é uma das que abandonaram
o prostíbulo. “Fiquei 20 anos lá (na Vila Mimosa). Ganhei um dinheiro
que deu para construir minha casa e sustentar uma filha.
Mas agora quero novos rumos para
mim”, comenta V. Ela faz curso de corte e costura, um dos dez oferecidos
a 680 pessoas pela Amocavim, em parceria com a Fundação de Apoio à
Escola Técnica (Faetec).
Bares, lojas e até ambulantes movimentam R$ 1 milhão por mês
Para tentar atrair mais clientes,
cerca de 170 comerciantes da Vila Mimosa, que, juntos, chegam a
movimentar em torno de R$ 1 milhão por mês, prometem dar um banho de
loja nas ruas Sotero Reis, Ceará, Lopes Souza e Hilário Ribeiro. Para
amenizar o péssimo visual proporcionado por esgotos a céu aberto e lixo,
as ruas serão limpas e pintadas com as cores do Brasil. Telões serão
instalados em alguns pontos.
Alguns donos de bordéis, bares e
boates da localidade já se anteciparam e instalaram TVs, poltronas
confortáveis, máquinas de cartão de crédito e ar-condicionado em seus
estabelecimentos. Para divulgar as recentes melhorias, os comerciantes
usam as redes sociais.
“Proporcionando maior conforto, hoje
atendemos até 400 pessoas por dia, o dobro que o ano passado”, diz o
gerente da boate Opção Night Club, Zizico Oliver.
Na Vila Mimosa, frequentada por cinco
mil pessoas por dia, os ambulantes também faturam. Há dois anos,
Abimael Andrade vende shorts por lá. “Chego a vender 20 peças (R$ 50
cada uma, em média) por dia”, revela.
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