Obras de grande valor para a arte contemporânea, que provavelmente
acabariam na parede de algum colecionador, ganharão um novo destino: o
Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro. Avaliadas em R$ 10
milhões, as 17 obras apreendidas pela Receita Federal, em função de
importação irregular, deverão ser incorporadas ao acervo do museu em
agosto, segundo a diretora do museu, Monica Xexéo.
"Trata-se de
um conjunto pequeno, mas expressivo, não só pelos artistas, mas também
pelo período das obras, dentro do panorama da história internacional. As
obras irão completar hiatos da nossa coleção" disse ela. "Será uma
doação extremamente importante para a sociedade brasileira. Para nós, é
uma grande honra e um desafio. Estamos muito contentes em poder receber,
tratar e devolver este material para a sociedade."
As obras
chegaram ao museu no dia 30 de abril e se encontram em quarentena,
isoladas do restante do acervo. A diretora adiantou que fará uma
exposição delas neste ano, mas depois serão catalogadas e inseridas no
circuito permanente do museu.
Os brasileiros Cildo Meireles, Jorge Guinle, Daniel Senise, Beatriz
Milhazes e os estrangeiros Niki de Saint-Phalle e Michelangelo
Pistoletto são alguns dos artistas cujas obras apreendidas têm
reconhecido valor artístico e de mercado. De acordo com a Receita
Federal, juntas devem valer R$10 milhões.
Monica Xexéo adiantou
que alguns artistas terão suas obras expostas no Brasil pela primeira
vez, como o indiano Anish Kappor, cuja escultura foi comprada por mais
de US$1 milhão. Outra obra valiosa é a do brasileiro Sérgio Camargo que
chegou a ser leiloada no exterior por US$ 2 milhões.
Coordenadora do museu, Daniela Matera foi uma das técnicas a ver as
obras no Porto do Rio para atestar a autenticidade das obras. "Não
tínhamos ideia do que iríamos encontrar, e nossa surpresa foi muito
grande. Foi uma alegria dar de cara com um Daniel Senise, um Sérgio
Camargo, e ter a possibilidade de ver obras expostas para a sociedade",
contou.
Esta foi a segunda doação da Receita Federal ao Museu
Nacional de Belas Artes. A primeira foi em 2006, após um quadro de
Cândido Portinari, Caçador de Passarinho, ser apreendido no Porto de
Santos quando tentavam retirar a obra ilegalmente do país. Hoje, se
encontra exposta no terceiro andar do museu.
Desde 2013 a Lei
12.840 prevê a destinação de bens de valor cultural, artístico ou
histórico aos museus nas hipóteses de apreensão, dação em pagamento de
dívida ou abandono de obras.
A Receita Federal investiga
sonegação fiscal e a possibilidade de ocorrência do crime de lavagem de
dinheiro. Além das obras de arte, a Receita Federal apreendeu 17
toneladas móveis, eletroeletrônicos, equipamentos esportivos, em
procedimento de fiscalização de mudanças de brasileiros procedentes do
exterior. Os tributos que deixariam de ser pagos com o ingresso
irregular dos bens somariam R$ 6 milhões de reais.
O caso foi
descoberto depois que funcionários do órgão inspecionaram dois
conteiners que vinham dos Estados Unidos. Um deles trazia a mudança de
uma manicure brasileira que morou naquele país por 21 anos.
Segundo a Receita Federal, alguns brasileiros que retornam ao país são
cooptados por agentes no exterior para declararem em suas bagagens
diversos bens de terceiros buscando o não-pagamento de tributos,
ocultando o real comprador, bem como a origem do dinheiro utilizado na
aquisição.
http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2014/06/30/receita-doara-obras-apreendidas-ao-museu-nacional-de-belas-artes.htm#fotoNav=3
Nenhum comentário:
Postar um comentário