- Instituição dá início à controversa demolição do edifício do American Folk Art Museum
NOVA YORK — Já quase não se vê a fachada mais comentada de Nova York
atualmente: na semana passada, os andaimes começaram a subir em volta do
prédio do antigo American Folk Art Museum (AFAM), construído em 2001 e
logo alçado a um dos primeiros trabalhos significantes de arquitetura do
século XXI na cidade. O edifício será demolido como parte dos planos de
expansão do Museum of Modern Art (MoMA), seu vizinho na Rua 53, que
comprou o imóvel três anos atrás, quando o AFAM, com problemas
financeiros, precisou se mudar para instalações mais modestas no Upper
West Side.
A remoção da fachada — um conjunto escultural formado por 63 painéis de bronze que, em resposta à comoção generalizada, será guardado num depósito, com futuro ainda incerto — será a primeira etapa da controversa decisão do museu, dono da maior coleção de modernismo do mundo, de derrubar o prédio projetado pelos premiados arquitetos Todd Williams e Billie Tsien. Em seu lugar, será erguida uma estrutura para ligar as atuais galerias do MoMA, reformadas há dez anos pelo japonês Yoshio Taniguchi, à base de uma torre residencial de 82 andares criada pelo francês Jean Nouvel, que incluirá três andares de espaço expositivo para o museu.
“falta de imaginação”
É raro projetos expressivos de arquitetura terem vida tão curta. Diante dos protestos que sucederam o anúncio das intenções do MoMA, em abril de 2013, a instituição incumbiu a empresa Diller Scofidio & Renfro — a mesma que desenhou o futuro MIS carioca — de avaliar a possibilidade de preservar o edifício. Em janeiro, veio o veredicto final:
— Para salvar o prédio, perderíamos muito do próprio — disse em entrevista coletiva a arquiteta Elizabeth Diller, explicando que a mobilidade entre as galerias dos prédios de Tanigushi e Nouvel demanda corredores fatiando o edifício do AFAM, que fica no meio.
Os arquitetos do AFAM, que são casados e desde o início do imbróglio só haviam emitido um comunicado, divulgaram outro na última terça-feira, quando a obra começou: “Um prédio admirado, visitado e estudado por tantos agora será reduzido à memória”, dizia o texto. Mais tarde, eles deram ao “New York Times” a primeira entrevista desde o anúncio da demolição. “Sim, todos os prédios um dia virarão pó, mas este poderia ter sido reutilizado. Infelizmente, a imaginação e o desejo não estavam lá”, declarou Williams.
A reforma do MoMA vem num momento de intensa mudança nos principais museus de Nova York: o Whitney irá para um prédio novo do arquiteto italiano Renzo Piano no Meatpacking District em 2015, e o Metropolitan se prepara para usar seu endereço antigo na Rua Madison por oito anos. O MoMA, por sua vez, promete se abrir mais ao público, reformando o lobby e fazendo de todo o primeiro andar — incluindo o jardim de esculturas — gratuito. O redesenho do complexo, ainda sem orçamento definido, deve ser finalizado em 2019.
A comunidade de arquitetos agora se articula para que a fachada do AFAM seja apresentada permanentemente em outro lugar. Uma das propostas é que seja levada para o museu de esculturas Storm King, em Mountainville, NY. Outra sugere o MoMA P.S.1, espaço do próprio museu no Queens. A diretoria do MoMA tem recusado dar declarações à imprensa.
http://oglobo.globo.com/cultura/em-nova-york-moma-derruba-museu-vizinho-12257010
A remoção da fachada — um conjunto escultural formado por 63 painéis de bronze que, em resposta à comoção generalizada, será guardado num depósito, com futuro ainda incerto — será a primeira etapa da controversa decisão do museu, dono da maior coleção de modernismo do mundo, de derrubar o prédio projetado pelos premiados arquitetos Todd Williams e Billie Tsien. Em seu lugar, será erguida uma estrutura para ligar as atuais galerias do MoMA, reformadas há dez anos pelo japonês Yoshio Taniguchi, à base de uma torre residencial de 82 andares criada pelo francês Jean Nouvel, que incluirá três andares de espaço expositivo para o museu.
“falta de imaginação”
É raro projetos expressivos de arquitetura terem vida tão curta. Diante dos protestos que sucederam o anúncio das intenções do MoMA, em abril de 2013, a instituição incumbiu a empresa Diller Scofidio & Renfro — a mesma que desenhou o futuro MIS carioca — de avaliar a possibilidade de preservar o edifício. Em janeiro, veio o veredicto final:
— Para salvar o prédio, perderíamos muito do próprio — disse em entrevista coletiva a arquiteta Elizabeth Diller, explicando que a mobilidade entre as galerias dos prédios de Tanigushi e Nouvel demanda corredores fatiando o edifício do AFAM, que fica no meio.
Os arquitetos do AFAM, que são casados e desde o início do imbróglio só haviam emitido um comunicado, divulgaram outro na última terça-feira, quando a obra começou: “Um prédio admirado, visitado e estudado por tantos agora será reduzido à memória”, dizia o texto. Mais tarde, eles deram ao “New York Times” a primeira entrevista desde o anúncio da demolição. “Sim, todos os prédios um dia virarão pó, mas este poderia ter sido reutilizado. Infelizmente, a imaginação e o desejo não estavam lá”, declarou Williams.
A reforma do MoMA vem num momento de intensa mudança nos principais museus de Nova York: o Whitney irá para um prédio novo do arquiteto italiano Renzo Piano no Meatpacking District em 2015, e o Metropolitan se prepara para usar seu endereço antigo na Rua Madison por oito anos. O MoMA, por sua vez, promete se abrir mais ao público, reformando o lobby e fazendo de todo o primeiro andar — incluindo o jardim de esculturas — gratuito. O redesenho do complexo, ainda sem orçamento definido, deve ser finalizado em 2019.
A comunidade de arquitetos agora se articula para que a fachada do AFAM seja apresentada permanentemente em outro lugar. Uma das propostas é que seja levada para o museu de esculturas Storm King, em Mountainville, NY. Outra sugere o MoMA P.S.1, espaço do próprio museu no Queens. A diretoria do MoMA tem recusado dar declarações à imprensa.
http://oglobo.globo.com/cultura/em-nova-york-moma-derruba-museu-vizinho-12257010
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