29/04/2014

Fotógrafos que atuam em Brasília defedem o tombamento do céu da cidade

Definição do céu de Brasília é lembrada por Orlando Brito, fotógrafo que também defende que o espaço aéreo da capital torne-se Paisagem Cultural Brasileira. Presidente do Iphan diz que iniciativa é louvável, mas há dificuldades

Foto feita por Orlando Brito inspirada na frase de Lucio Costa: ajuda na preservação da visibilidade da linha do horizonte ( Orlando Brito/Esp. CB/D.A Press)
Foto feita por Orlando Brito inspirada na frase de Lucio Costa: ajuda na preservação da visibilidade da linha do horizonte

Um dia, no apartamento de Lucio Costa, virado para o mar do Rio de Janeiro, o fotógrafo Orlando Brito teve uma conversa com o arquiteto e urbanista que assina o projeto urbanístico de Brasília. Era 1992 e Brito já vivia em Brasília havia 35 anos. “Eu disse a ele que o que faltava em Brasília era o mar. Lucio colocou a mão no meu ombro e, com um sorriso, disse: ‘Meu filho, o mar de Brasília é o céu’. Quando voltei para cá, precisava de imagem para simbolizar essa frase”, relembra Orlando Brito. O fotógrafo tornou-se referência quando o assunto é o céu de Brasília, o mesmo que o arrebatou quando ele pisou pela primeira vez na nova cidade, em 1957.

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Para ele, a ideia de tombar o céu da cidade, como se tem discutido, pode ajudar a preservar a visibilidade da linha do horizonte. “A ideia é manter o acesso visual a essa maravilha que é o céu de Brasília. De noite, temos a sensação de que estamos vendo todas as estrelas do universo”, ilustra. O arquiteto Carlos Fernando de Moura Delphim redigiu um projeto, ainda não encaminhado ao Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que pretende intitular o firmamento da cidade como uma Paisagem Cultural Brasileira.

O dono da ideia lembra que quando surgiu o projeto de Brasília tornar-se Patrimônio Histórico da Humanidade, muitos pensaram que não iria para frente. Hoje, a defesa é feita com veemência pelos especialistas. “Se as curvas em concreto podem ficar protegidas, por que não a paisagem azul? Alguns chegaram a rir da ideia, mas ela é bem simples”, argumenta Carlos Fernando. A proposta do projeto é definir regras de cores, gabaritos, alturas e volumes de construções para não impedirem a vista do céu. “Cada lugar tem uma identidade, uma marca. E a de Brasília é o céu.”
 

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